Por Luciana Paiva e Cláudio Gomes — Aventuras ao Vento, os primeiros Coaches de Viagens do Brasil
Viajar é, para muitos brasileiros, um sonho de vida. Conhecer novos lugares, explorar culturas, vivenciar experiências únicas e se desconectar da rotina é algo que transforma. No entanto, esse sonho muitas vezes esbarra em uma barreira invisível, mas muito real: a altíssima carga tributária que incide sobre o setor de turismo no Brasil.
O turismo nacional e internacional sofre, no Brasil, com impostos elevados que impactam diretamente os preços de passagens aéreas, hospedagens, cruzeiros marítimos, alimentação e até compras em viagens. Diferente de outros países que incentivam o turismo como estratégia de crescimento, o Brasil ainda trata a atividade como um produto de luxo, dificultando o acesso da população a esse direito transformador.
A estrutura tributária do turismo brasileiro
O Brasil é um dos países com maior carga tributária sobre o setor turístico. Estudos apontam que os tributos podem representar entre 30% a 40% do valor final de uma viagem. Passagens aéreas, por exemplo, incluem taxas de embarque, ICMS, PIS/Cofins, contribuições para o fundo da aviação civil, entre outros encargos. Hospedagens sofrem com o ISS, taxas de turismo municipal e tributos embutidos em serviços extras. Até mesmo o seguro-viagem é taxado com IOF e tarifas administrativas.
O viajante comum, na maioria das vezes, nem percebe o quanto está pagando em impostos. Mas a verdade é que a experiência de viajar no Brasil se torna consideravelmente mais cara por conta dessas obrigações, que são repassadas integralmente ao consumidor.
Cruzeiros marítimos: tributos que afundam o setor
A situação é ainda mais delicada no mercado de cruzeiros. O Brasil aplica taxas e tributos sobre os cruzeiros que tornam o país um dos destinos mais caros para embarque. Entre os encargos estão: o ISS sobre cabines e serviços de bordo, taxas portuárias elevadas em terminais como Santos e Rio de Janeiro, taxas de imigração e alfândega, ICMS sobre o combustível do navio e tributos sobre os serviços pagos a bordo como restaurantes, spa e entretenimento.
Esses custos acabam afastando o turista nacional e os operadores internacionais, que encontram condições muito mais competitivas em países como Estados Unidos, Caribe e Europa. Em destinos como Miami ou Barcelona, os cruzeiros têm custos operacionais até 40% mais baixos do que no Brasil, o que reflete diretamente nos preços finais ao consumidor.
O peso do IOF no turismo internacional
Além das tributações nacionais, o viajante brasileiro que vai ao exterior carrega um fardo adicional: o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Quando se faz uma compra no exterior com cartão de crédito, o imposto de 6,38% é aplicado automaticamente sobre cada transação.
Esse valor também incide sobre recargas de cartões pré-pagos, transferências internacionais e pagamentos de pacotes em moeda estrangeira. Em uma viagem onde o turista gasta R$ 10.000 no exterior, por exemplo, R$ 638 são apenas de IOF — fora a variação cambial que pode elevar ainda mais o custo.
Turismo nacional: nem sempre é mais barato
Embora muitos acreditem que viajar dentro do Brasil seja mais barato, essa não é sempre a realidade. A malha aérea é limitada, os preços das passagens são elevados e as taxas aeroportuárias são altíssimas. O combustível de aviação, por exemplo, sofre com ICMS que varia de estado para estado, chegando a 25% em algumas regiões.
Além disso, os hotéis brasileiros cobram taxas adicionais como serviço e turismo, que muitas vezes aparecem apenas na hora do check-in ou no fechamento da conta, o que gera surpresas desagradáveis.
Outro ponto sensível é a falta de incentivo à competitividade. Enquanto países vizinhos investem em infraestrutura, promoções e incentivos fiscais, o Brasil mantém um ambiente oneroso para quem quer explorar seu próprio território.
Estratégias práticas para driblar os altos custos de impostos em viagens
Apesar dos desafios, é possível viajar com inteligência, planejamento e criatividade. Listamos a seguir algumas estratégias simples e eficazes para reduzir o impacto dos tributos e aproveitar melhor cada centavo investido:
1. Compre passagens com antecedência. Os preços tendem a ser mais baixos e sofrem menos variação quando a compra é feita com pelo menos 90 dias de antecedência.
2. Pague na moeda local e evite o cartão de crédito internacional. Assim, é possível escapar do IOF de 6,38%. Cartões pré-pagos e transferências diretas são opções mais econômicas.
3. Priorize cruzeiros com embarque fora do Brasil. Embarcar na Europa, Emirados Árabes ou Caribe pode resultar em uma economia significativa, já que as taxas portuárias e tributações são mais baixas.
4. Utilize plataformas com cupons de desconto e cashback. Isso ajuda a compensar parte dos custos extras com taxas, especialmente em hospedagem, aluguel de carro e ingressos.
5. Consulte um Coach de Viagens. Uma consultoria pode indicar os caminhos mais vantajosos para o seu estilo de viagem e objetivos. A economia gerada geralmente cobre o custo da consultoria — e ainda sobra.
6. Viaje em períodos de menor demanda. Feriados, dezembro e janeiro são épocas com grande incidência de taxas dinâmicas. Meses como março, maio, agosto e novembro oferecem melhores preços e menor carga tributária.
Comparando com o mundo: o Brasil precisa de uma reforma turística
Em países como os Estados Unidos, a tributação estadual sobre turismo é baixa. Em Orlando, por exemplo, há uma taxa de turismo local transparente e controlada. Na Europa, a cobrança de impostos é padronizada e clara — além disso, o reembolso de impostos para turistas é comum em países como Portugal, Itália, Alemanha e França.
Nos Emirados Árabes Unidos, Dubai é um exemplo de estímulo ao turismo com baixíssima carga tributária. O visitante encontra infraestrutura impecável, tributos reduzidos, isenção em compras locais e incentivos para entrada de cruzeiros e companhias aéreas.
Já no Brasil, a ausência de uma política nacional eficaz para o turismo causa efeitos colaterais sérios: menor entrada de turistas estrangeiros, menor arrecadação indireta com consumo e menor geração de empregos no setor. Em vez de estimular o turismo como vetor econômico, o país pune a atividade com impostos desproporcionais.
O turismo como política de desenvolvimento
É hora de repensar o modelo. Reduzir a carga tributária sobre o turismo é mais do que uma questão econômica — é uma questão de desenvolvimento. Isenções fiscais para operadoras, redução do ICMS sobre combustíveis, padronização das taxas municipais e incentivos ao turismo regional são medidas que poderiam transformar o cenário turístico brasileiro em poucos anos.
Uma política turística moderna não deve ser baseada na arrecadação imediata, mas sim no incentivo à permanência do turista, no aumento do consumo local e na valorização do Brasil como destino global.
Conclusão: Conhecimento é o melhor passaporte
Mesmo diante de tantos obstáculos, viajar continua sendo possível — e necessário. O turismo amplia horizontes, movimenta a economia e fortalece culturas. O segredo está em se planejar com inteligência, buscar informação de qualidade e adotar estratégias que ajudem a economizar e viver mais experiências.
No Aventuras ao Vento, acreditamos que o turismo deve ser acessível, consciente e transformador. E é por isso que criamos conteúdos, cursos e consultorias que ajudam milhares de brasileiros a viajar melhor — mesmo em um cenário de impostos elevados.
Luciana Paiva, médica e exploradora, e Cláudio Gomes, publicitário e escritor, são os fundadores do Aventuras ao Vento. Já visitaram mais de 40 países e hoje são referência como os primeiros Coaches de Viagens do Brasil. Acompanhe no Instagram, YouTube e no site oficial www.aventurasaovento.com.br.